sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pacto com o diabo


As paredes estão caindo, não há ninguém para apoiá-las. Tijolos caem em cima da sua cabeça e ninguém está ali para te proteger, ninguém está ali para te ajudar. Suas lágrimas escorrem com as goteiras do seu céu. Seu chão acabou de se partir ao meio, seu sol não está mais amarelo, seu mundo parou de girar. Você pensa em pegar a velha pistola do vovô, mas se for refletir, não vale a pena dar esse gostinho para a dor. A navalha está em cima da pia te seduzindo, te chamando, seu pulso treme, geme e chora, mas mesmo aos prantos sua vida lhe parece mais apetitosa. Sua voz está falhando, mas não precisas dela para falar, seus olhos estão embaçados, mas não precisas deles para enxergar, precisas só de um coração batendo, mesmo que partido, precisas só de uma alma, desde que seja boa. Dai você percebe que não tem mais nada, nada para chamar de seu. E agora? Quem eu sou? Você começa a andar, correr, tenta voar, estás em busca de respostas, ou da pergunta certa. Nada lhe vem em mente, todos partiram antes de você. Só tens os teus livros e aquela boa caneca de café, mas está frio. A faca de cortar carne da sua mãe cai em seus pés, seu coração bate rápido lhe pedindo socorro, seu sangue corre como um leão, algo dentro de ti quer aquilo, mas algo maior ainda lhe levanta uma bandeira branca. Você desiste de morrer, mas também desiste de viver. Você apenas segue em frente e então percebe que só precisas seguir o teu caminho, mesmo que longo e solitário, só precisas de alguns passos. E é nesse momento que você encontra o abismo e se atira, mas infelizmente a morte também não é fácil, você continua caindo e o final nunca chega, você continua sofrendo, vivendo. Ta ai a resposta, ta ai a pergunta. Você é um morto vivo ou vivo morto?

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