segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Manchas negras


Tudo estava meio abstrato, andava pelas ruas sem saber aonde ir, não enxergava além da minha própria sombra. O silêncio me acompanhava, me guiava. Todos já foram dormir, todos me deixaram. Estava só, em mundo de ilusões que eu mesma criei, com aqueles monstros que eu mais temia, a dor como melhor amiga. As ruas estavam vazias, as calçadas gemiam, pedindo para alguém voltar. O céu era turbulento, nada se comparava com as cores escuras e mórbidas que se alastraram pelo vasto céu azul. Chorar já não era uma opção, eu queria fugir, correr, sobreviver. Meus gritos ecoavam junto ao som dos pássaros do sul, nada ali tinha vida, eu não tinha vida. As vagas lembranças de felicidade me faziam sorrir por alguns segundos, logo esquecia de tudo. O barulho das folhas dançando no chão me dava arrepios. Nada mais era como antigamente, eu estava só, o mundo estava só. Me cobri com um manto preto e ali dormi, para sempre.

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